quarta-feira, 29 de julho de 2009
O segredo de Chimneys
Olá, meu nome é Verônica.

Um dia me disseram que eu não conseguiria mudar. Nunca. Nem se eu quisesse. Retruquei polidamente que isso não cabia a minha pessoa. Mas as contradições empurravam meus tímpanos pedindo passagem. Dei uma leve chacoalhada e as palavras sairam com a facilidade com que eu resolveria uma tonoscopia. Caíram sobre meus tênis surrados e eu senti meus dedos latejando com o peso. Soltei um grunhido de dor, desvencilhando-me de minha interlocutora. Segui para o banheiro a passos largos e apoiei minhas duas mãos na pia molhada. Levantei os olhos para o espelho com um certo receio do que poderia encontrar do outro lado. Mas era a mesma face pálida e carrancuda, com algumas olheiras retocadas pelo pó de arroz. Se algo mudara ali, com certeza estava coberto pela maquiagem forte, ou descia lentamente por minhas veias indo de encontro com a matriz. E nem o hemograma mais completo poderia decifrar o que eu pensei ao me virar para trás e deparar-me com algo surpreendente.
sem mais preâmbulos e circunlóquios,
verônica 


0 comentários:
Postar um comentário