sábado, 6 de junho de 2009
Invente uma história,
Olá, meu nome é Verônica.
Parte I
Who shot that arrow in your throat?
- Ahn?
Who missed the crimson apple?
Ah sim, o despertador estava tocando.
Depois de um madrugada um tanto quanto iludida, os olhos lutavam para manterem-se abertos... okay, semicerrados. Seria mais um daqueles finais de semana nauseantes. Adele ficou imóvel, absorta pelos quatro travesseiros gelados, olhando para as poucas estrelas fluorescentes que enfeitavam o teto mal pintado de seu quarto. Estava em casa, que maravilha! Mas suas costas mantinham uma aderência impressionante ao colchão de mola. Com muito esforço, levantou-se e recostou-se no espaldo da cama.
- É claro que iremos! Pode contar com a nossa presença! Beijos! - Ela ouviu a voz inconfundível de sua mãe atravessar o bocal do telefone na sala ao lado.
Oh não, não havia mais comprimidos por ali. Então seu corpo estava rejeitando a luz do sol inconscientemente? Amanhã teria que suportar aquela ladainha de sempre. A mórbida garota dos miúdos olhos castanhos, pele fria como gelo e cabelos artificialmente negros como a noite, haveria de se apresentar a família, assim, sarcasticamente solteira.
Porque a única coisa que importava em Adele, além de suas pernas tortas e suas unhas vermelhamente imprudentes para sua futura profissão, era sua fantástica "habilidade" em manipular braços e pulmões de cadáveres. Ora, mal eles sabiam que essa matéria estava sendo o ceifador sinistro da história!
Mas, voltando ao assunto principal: a confraternização do dia seguinte. Todos os infortunados parentes apareceriam com suas vidas mediocremente mais alegres do que a sua. Mediocremente porque me refiro aos braços. Dados. Não que Adele se importasse em estar solteira enquanto o tilintar dos sinos da igreja soava mais forte em sua cabeça do que nunca. Não que ela desejasse com todas as forças uma garrafa de Tequila para afogar as proximidades de tal dia. Não... Ela seria uma enfermeira de três empregos e cinco amantes, moraria em um loft na periferia da metrópole e sairia as sextas, com duas amigas, para bares decadentes da cidade para fofocar sobre homens enquanto tragava um cigarro.
Quer vida melhor do que essa?
Na verdade, sim! Que decadência, ora vejam! Ela não iria ser a tia para todo o sempre, não é?
Who shot that arrow in your throat?
Who missed the crimson apple?
O celular estava despertando novamente. Era hora de encarar os olhos borrados e os lábios pálidos no espelho.
sem mais preâmbulos e circunlóquios,
verônica
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